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Luciana Martinez, Técnica de Enfermagem de um Hospital de São Paulo
"Medo eu tenho todo dia", diz Luciana Martinez, 42. No entanto, de segunda-feira a sábado, esta técnica de enfermagem supera o temor e deixa o filho, o marido e o sogro em casa, na zona norte de São Paulo, e vai trabalhar seus dois turnos em hospitais (um da rede pública e um privado) onde se dedica a atender pacientes infectados pela covid-19. No total, ela a 12 horas por dia cercada de jovens, idosos e às vezes famílias inteiras com coronavírus. Luciana faz parte da linha de frente do combate à doença, em uma trincheira na qual a imensa maioria dos soldados são mulheres. Segundo relatório do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e da Fundação Oswaldo Cruz, 84,7% dos auxiliares e técnicos de enfermagem são do sexo feminino. "Tenho muito orgulho das mulheres que atuam na saúde como eu, no enfrentamento à covid-19. Fico até emocionada de falar da profissão, porque sinto que a profissão que me escolheu", diz Luciana.
Do ponto de vista psicológico,
Estes profissionais precisam se equilibrar no trabalho e em casa. "Por mim eu nem voltaria pra casa. Além do medo de eu pegar a doença, tenho muito medo de transmitir para minha família", afirma Luciana. "Eu chego em casa e já tiro a roupa no quintal e entro de toalha, vou direto para o banho. A roupa que eu estava vestindo vai para a máquina de lavar na hora", explica. Para minimizar ao máximo a possibilidade de que algo dê errado quando chega dos hospitais —tendo em vista especialmente a presença do sogro idoso— sua família adotou uma versão radical do isolamento social. Cada um em um cômodo e sem contato físico nenhum. "Me afeta demais psicologicamente não poder abraçar meu filho de 13 anos. Isso me dói demais. Ele entende o porquê de eu não dar mais beijo nele, mas fica agoniado com isso tudo, ainda mais sem poder sair de casa", diz emocionada.
4.602 profissionais de Enfermagem contraíram COVID-19 e 57 morreram
Estar o dia inteiro cercado por pacientes com uma doença sem cura cobra também um preço físico. Até o momento, de acordo com levantamento feito pelo Cofen e divulgado na segunda-feira (27), 4.602 profissionais de enfermagem foram afastados por suspeita da covid-19, e 57 morreram pela doença ou em casos suspeitos mas ainda não confirmados. Destes óbitos, 32 (ou 56%) são mulheres. "Esta é apenas a ponta do iceberg", diz o chefe do departamento de Gestão do Exercício Profissional do Conselho, Walkírio Almeida, tendo em vista que as ações de fiscalização do órgão alcançaram, até o momento, 27% do total de profissionais da área. Segundo ele, foram recebidas mais de 4.590 denúncias, boa parte delas referente à falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) para as equipes de enfermagem.
Nos hospitais, o grande desafio para a equipe médica é no momento de desparamentação
A hora de tirar os equipamentos de proteção individual usados durante o trabalho: óculos, máscara N95 (que cobre a boca e nariz), máscara facial, avental impermeável e luvas. "É muito fácil se contaminar nessa hora se você não seguir um protocolo rígido, uma ordem determinada do que tirar primeiro", afirma Luciana. "O fundamental é calma e foco. Mas infelizmente não existe risco zero", diz.
Drama familiar emociona os Profissionais de Saúde
O trabalho com pacientes da covid-19 também expõe Luciana aos dramas pessoais das famílias de pessoas infectadas. "Tem um caso que mexeu comigo, o de um casal de idosos na casa dos 80 anos. Os dois chegaram juntos com sintomas e foram direto para a unidade de tratamento intensivo. A esposa melhorou, mas ele infelizmente faleceu. Para não desestabilizá-la emocionalmente e comprometer sua melhora, a família não contou que ela perdeu o marido. E ela pergunta muito dele, e eu não posso contar a verdade", diz. Em alguns casos, famílias inteiras são internadas. "Teve um paciente que foi internado com os pais. Ambos morreram", lamenta. "A gente vê paciente jovem sem comorbidade que está com a doença e está em situação bem ruim na UTI", conta, desmistificando o argumento de que a covid-19 é uma doença que afeta apenas idosos.
Indagada sobre como é trabalhar neste ambiente, Luciana resume:
"Não posso deixar de ir trabalhar. O momento pede. Eu acordo e acho que estou num filme, mas tento fazer o meu melhor para que esse filme tenha final feliz". Sobre as aglomerações que acontecem na cidade mesmo com o número recorde de mortos, ela diz que "as pessoas não tem noção do que está ocorrendo no hospitais", e termina com um "fiquem em casa!".
Fonte: Jornal EL PAÍS