Por Jornalista Alair de Almeida, Editor e Diretor do Jornal Região Sul em 24/12/2021 às 07:49:16
Transplante de
Medula Óssea
cura o Câncer
do Zé, de 27 anos,
de Poços de Caldas
Diagnosticado com Leucemia Linfoide Aguda em abril de 2020, José Augusto de Oliveira conseguiu um doador de medula compatÃvel e fez transplante em maio deste ano.
Zé, como é chamado, é morador de Poços de Caldas. Jovem celebra cura do câncer após transplante de medula óssea feito em 2021: 'É o ano do meu renascimento'
Arquivo Pessoal
Estamos a um dia do Natal. Data celebrada pelos Cristãos e que representa o nascimento de Jesus. Para muitas pessoas também é hora de fazer um balanço de como foi o ano e relembrar as vitórias, as perdas e quem sabe, os milagres. É exatamente este último item que fez com que o ano de um jovem de Poços de Caldas fosse de renascimento. José Augusto de Oliveira, de 27 anos, venceu um câncer depois de um transplante de medula óssea.
Zé, como é chamado, ganhou uma nova oportunidade de vida em 2021. Diagnosticado com Leucemia Linfoide Aguda em abril de 2020, ele conseguiu um doador de medula compatÃvel, que possibilitou o transplante tão esperado por ele e a famÃlia, realizado em maio deste ano.
"É o ano do meu renascimento, ano da nova oportunidade. É o ano em que eu cheguei por muitas vezes na beiradinha ali do penhasco e voltei. Ano em que Deus me deu várias vezes a oportunidade de estar vivo, então eu vejo sempre com muito carinho 2021", afirmou.
José Augusto fez o transplante
de medula óssea em
São José do Rio Preto (SP)
Centro de Transplante de Medula Óssea do HC será reformado – Jornal da USP
Arquivo pessoal
A medula
Zé conseguiu um doador por meio do Redome, o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea. A procura no cadastro começou depois que os exames iniciais apontaram que a compatibilidade do sangue de sua irmã com o dele era de apenas 25%.
O ideal é que o transplante de medula óssea seja feito entre irmãos de pai e mãe que sejam 100% compatÃveis com um o outro. Caso não seja possÃvel, como aconteceu com o José, a segunda opção é procurar no cadastro doadores que sejam 100% compatÃveis.
Quando nenhuma das opções anteriores se torna realidade, a procura é por um doador com menos de 100% de compatibilidade. Foi o que aconteceu com o Zé, que recebeu a medula de um doador 90% compatÃvel.
"Foi o mais próximo de compatibilidade que foi encontrado. No meu caso, como a única opção que eu tinha era 90%, a médica falou que a gente iria seguir com essa opção para não ficar esperando e correr o risco da minha doença voltar. Uma das caracterÃsticas da leucemia que eu tinha era justamente isso, então não podia dar sorte pro azar. Graças a Deus deu tudo certo com esse doador".
Arquivo pessoal
O dono da medula que fez com que ele ganhasse uma nova oportunidade de vida ainda é desconhecido. Isto porque o Redome não divulga os dados do receptor e do doador. Eles só podem se conhecer 18 meses após o procedimento se ambos concordarem, mas a curiosidade fez com que o José já tenha algumas informações sobre a pessoa que doou a medula para ele.
"O que o pessoal do hospital falou é que é um jovem, de 22 anos, brasileiro e que tem o mesmo sanguÃneo que eu tinha. Então, eu não mudei de sangue depois do transplante, continuo sendo O positivo".
A medula pegou!
O processo do transplante de medula dura entre 25 a 30 dias. Durante este perÃodo, o paciente a por exames diários e é monitorado de perto para evitar infecções e bactérias. A infusão da medula é feita geralmente dez dias depois de sessões de quimioterapia e radioterapia, que deixam o corpo fraco e mais suscetÃvel para receber o novo sangue.
Mesmo depois do procedimento, o corpo só reconhece a medula depois de 15 a 20 dias. No caso do Zé, a "medula pegou" depois de 17 dias da infusão.
"Eu fiz a infusão no dia 14 de maio e a minha medula pegou no dia 31 de maio. A partir do dia que ela pegou é meu novo aniversário. Agora, eu faço aniversário duas vezes por ano: no dia 11 de janeiro, quando nasci, e no dia 31 de maio, quando a medula pegou e o novo sangue começou a ser produzido".
A notÃcia tão esperada chegou com bolo, balões e o canto de parabéns para comemorar o inÃcio desta nova vida.
"Eu já estava preparado, mas quando elas entraram cantando parabéns veio a confirmação. No dia a dia a gente faz exames de sangue e o médico ia informando sobre o avanço da medula, mas de maneira nenhuma deixa de ser um momento de muita emoção".
Equipe médica surpreendeu José Augusto no dia em que a medula "pegou"
Arquivo pessoalRejeição
Zé contou que o transplante começa mesmo depois que sai do hospital. Isto porque, de acordo com ele, os 100 primeiros dias após o procedimento é crÃtico, uma vez que o corpo ainda está em processo para reconhecer a medula.
Foi justamente neste perÃodo que ele precisou retornar para o hospital e ficar mais 25 internado. O fÃgado rejeitou a nova medula.
"Isso aconteceu mais ou menos no dia 90 após o transplante. Essa rejeição fez eu perder 15 kg em 20 dias. Eu mudei meu aspecto fÃsico, fiquei com cor amarelada, fraco e tive que internar de novo. As rejeições são comuns de acontecer, principalmente, em casos como meu, quando a medula não é 100% compatÃvel e os médicos já tinham me avisado que a chance era alta. Por isso, eu incentivo bastante as pessoas se cadastrarem no Redome. Foi um perÃodo bem crÃtico do meu tratamento, de bastante sofrimento".
Hoje a rejeição está controlada. Zé já retornou para Poços de Caldas e o tratamento acontece de mês a mês, com tendência a ficar cada vez mais espaçado.
"Eu venci o câncer"
A volta pra Poços de Caldas aconteceu depois de seis meses de tratamento em São José do Rio Preto (SP). A chegada era esperada por familiares e amigos, que organizaram uma carreata pelas ruas da cidade. Os carros estampavam a frase "eu venci o câncer".
"Você está numa cidade diferente com suas malas, mas está fazendo um tratamento agressivo. Não é uma viagem para ear. Lá em Rio Preto, eu ia da casa pro hospital durante os seis meses que estive lá e todo dia a gente espera a mensagem dizendo que pode retornar para casa. A primeira coisa que eu fiz foi mandar mensagem pra famÃlia dizendo que estava voltando e quando cheguei foi uma surpresa bem legal a carreata que eles preparam".
Além disso, os amigos se organizaram e realizaram um desejo antigo do Zé, que era reformar o quarto. Tudo isso fez parte da surpresa no dia da chegada.
"Eu cheguei aqui e estava tudo novo. As pinturas, o guarda-roupas, as cômodas, uma estante de livros e até um espaço com equipamentos para eu fazer fisioterapia. Eu já falava que queria mudar meu quarto há algum tempo, mas eu realmente não esperava essa surpresa".
Familiares e amigos fizeram
carreata no dia do retorno de
José Augusto para Poços de Caldas, MG
Gratidão
Quase dois anos após a descoberta da doença, Zé já segue uma vida praticamente normal. Ele ainda tem limitações fÃsicas e fraqueza muscular, mas vem se recuperando bem.
Mesmo diante de tudo o que viveu nestes últimos anos, o sentimento que predomina na vida dele é o de gratidão. Foi isso que fez com que ele, mesmos nos momentos mais difÃceis, ele não desistisse de continuar lutando para viver.
"Não tem nem como discutir. Pelo menos pra mim, o sentimento predominante é de gratidão. Desde o começo do tratamento, quando eu fui diagnosticado com leucemia, até hoje, pós transplante e pós a rejeição grave que eu tive, por vários momentos eu ei por situações criticas, dolorosas, que trouxeram muito sofrimento, mas hoje eu estou super bem. Durante todo o tratamento eu fui acolhido muito bem pelas equipes de médicas tanto em Poços como em Rio Preto. Eu tive a ajuda de amigos, da famÃlia.
Então eu não estou sozinho nessa, Deus está dando uma oportunidade muito boa de estar vivo. Por mais que eu tenha ado por muita dificuldade, eu penso que eu não poderia nem estar aqui mais. As vezes eu me vejo como um milagre. É olhar com carinho pro ado e saber que consegui superar os momentos".
"Muita gente viu, se solidarizou com a minha causa. Eu via que minha famÃlia e meus amigos estavam fazendo a parte deles, via que os médicos estavam fazendo a parte deles, então eu falei pra mim mesmo que se cada um estava fazendo a sua parte, eu também tinha que fazer a minha parte da melhor maneira possÃvel. Eu acho que esse apoio muito intenso que eu tive de pessoas amigas, familiares e de pessoas que eu não conheço me ajudou a vencer".
Junto com os agradecimentos, ele também contou que aprendeu uma das lições mais importantes de sua vida e isto faz com que hoje ele seja muito mais forte do que era há dois anos, quando descobriu a doença. Além disso, surgiu nele uma vontade de retribuir tudo de bom que ele recebeu durante o tratamento.
"Uma doença grave, um câncer, é claro que no momento do diagnóstico é um susto, a gente fica com medo. Um dos pontos positivos meu neste tratamento é que eu falei que iria tirar o máximo de lição que eu pudesse, porque eu acho que tem muita coisa pra ensinar. Eu aprendi muita coisa. Hoje sou um cara bem mais resiliente, muito mais forte, mais equilibrado emocionalmente, tenho muito mais sensatez, equilÃbrio. O processo acaba ensinando isso pra gente, mas a gente tem que estar disposto a aprender".
"Eu tenho muita vontade de ajudar o Brasil. Fui muito bem cuidado pelas equipes que cuidaram de mim, então meu papel é retribuir para a sociedade tudo o que ela me deu, pelos impostos que as pessoas pagaram, que, de certa maneira, pagou meu tratamento. Então eu quero retribuir isso", finalizou.
O aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave tem levado municípios do Sul e Sudeste do país a decretarem situação de emergência em saúde pública.
Câmara
dos
Deputados:
Comissão
aprova
punição
maior
para<
p>lesão corporal
contra
pessoa com
deficiência<
/b>A Comissão
de Defesa dos
Direitos das Pessoas
com Deficiência da
Câmara...