"Esse projeto de lei surgiu como uma tentativa de promover o pão cheio para além do Sul de Minas, como um atrativo turístico da cidade, porque é nossa principal marca gastronômica.
O pão cheio que é tão presente entre os santarritenses é muito mais nosso do que nós imaginamos, por termos o pão cheio a qualquer momento em vários tipos de estabelecimento comercial não damos tanto valor ao longo do tempo e isso tem sido reconhecido mais recentemente", disse o jornalista Jonas Costa, que teve a ideia do projeto.

A receita original é do Sul de Itália, da região da Calábria. E com a imigração italiana, ele chegou ao Sul de Minas, onde ou por modificações. A receita original levava carne de porco desfiada e leite de cabra.
Governador sanciona lei que
reconhece modo artesanal
de fazer pão cheio como
patrimônio cultural de Minas

Em solo brasileiro, a carne foi trocada por linguiça suína e queijo Minas, modificações feitas por uma filha de ex-escravos, Maria Idalina de Jesus, a Maria Bonita.
"A grande divulgadora da receita em Santa Rita foi a cozinheira Maria Idalina de Jesus, a Maria Bonita, que tinha origem escrava, era filha de escravos e deu grande contribuição para popularizar a receita, porque fazia banquetes, era contratada para as chamadas quitandas domésticas e assim ela tornou o pão mais popular aqui em Santa Rita", disse o jornalista.

Em Santa Rita do Sapucaí, o pão virou um alimento tradicional da cidade. A técnica em panificação Cristina é mantenedora do conhecimento do pão cheio. Ela cresceu vendo a produção dele em casa e hoje vive exclusivamente dessa delícia mineira.
"Hoje a minha principal renda é o pão cheio, trabalho o dia todo com ele, a semana toda, levanto de madrugada, faço a massa, deixo a massa crescendo e faço o pãozinho pro pessoal", disse a técnica em panificação Cristina Victor.
A Receita do Pão Cheio
de Santa Rita do Sapucaí
A receita leva farinha, ovos, óleo e leite. A tradicional linguiça e o queijo são essenciais para o recheio. Cristina explica o segredo dessa mistura saborosa.
"Primeiro é você gostar do que faz, isso qualquer trabalho que você for fazer você tem que gostar da sua profissão.
Mas trabalhar com qualidade, você pegar uma linguiça de boa procedência, um queijo de boa procedência, uma farinha boa, tem que ter boa procedência, então o principal é você gostar, ter amor, mas trabalhar com bons ingredientes, com qualidade e é isso, aí você tem um pão perfeito e gostoso", completou.

Professor Wander, ex-Diretor e Professor do INATEL é o Prefeito de Santa Rita do Sapucaí
Segundo a prefeitura da cidade, são 10 pontos no município que fabricam e vendem o tradicional prato. Mas como ele se tornou uma parte da cultura da cidade, a prefeitura agora pretende fazer um mapeamento para saber quantas pessoas produzem o famoso pão cheio.
"Nós pretendemos agora, inclusive com esse reconhecimento do governo do estado sobe a nossa receita, que a gente localize quem são as pessoas que ainda fazem e os comerciantes que ainda estão comercializando, para que fique mais fácil inclusive para o turista que vem pra nossa cidade à procura do famoso pão cheio", disse o secretário municipal de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo, Janilton Prado.
