Romaria completa 71 anos de histórias e tradição, em 2023. No total 388 pessoas percorrem o Caminho da Fé. Centenas de fiéis do Sul de Minas saÃram em romaria na madrugada de quinta-feira (30) rumo ao Santuário Nacional de Aparecida. Histórias de fé, cura, vitórias, superação e de devoção à padroeira do Brasil motivam as 388 pessoas que deixaram Varginha (MG) para seguir o Caminho da Fé. São sete dias até que eles cheguem a Aparecida (SP).
Em 2023, a tradicional romaria do Zuca completa 71 anos de histórias e tradição com fieis de todas as idades. Na caminhada é possÃvel encontrar adolescentes de 14 anos e até idosos de 80 anos peregrinando a sua fé. São histórias que emocionam e inspiram cada vez mais pessoas a continuarem essa trajetória de devoção.
É neste grupo com 388 pessoas que se encontra o romeiro mais antigo de Varginha: Benedito Rosa ou Dito, como é chamado por todos. Aos 77 anos, ele dedica 58 de sua vida ao Caminho da Fé.
Em 1965, senhor Dito (número 8), acompanhado por Belmiro (1), Zuca (2), Aleixo (3), Renato (4), João Peloso (5), Graciano Pontes (6), Antonio Petrim (7), Zezinho (9), Duilio (10) e Wantuir (11)
Arquivo pessoal
"A primeira vez que eu fui tinha apenas 19 anos e fui convidado pelo Zuca. Foram dias de caminhadas, dificuldades e uma emoção que não tem nada no mundo que pague. Eu chorei muito e choro até hoje todas as vezes que chego no Santuário em Aparecida", conta Dito.
Por conta de um problema na perna, Dito hoje já não consegue mais ir todo caminho a pé. Então para não deixar de ir, ele faz parte da equipe de apoio. Ele acompanha toda romaria em um carro, entregando água, ajudando na alimentação e cuidando do pessoal com todo carinho.
"Eu estou com um sério problema de saúde na perna, mas nem isso vai me parar ou dificultar a minha ida à romaria. Eu só paro de ir quando eu morrer. Enquanto eu tiver forças irei todos os anos", afirma Benedito.
"Eu só paro de ir quando eu morrer" relata o romeiro que vai a pé há 58 anos de Varginha a Aparecida, SP
Com menos tempo de romaria, mas muita devoção, o Daniel de Faria entrou para o grupo para pagar uma promessa. Ele gostou tanto que já são 7 anos de peregrinação e sem previsão para que ele deixe de fazer essa caminhada.
"A primeira vez foi para agradecer uma graça alcançada. Minha mãe foi fazer uma cirurgia e deu tudo certo, então fui agradecer. A emoção foi sem tamanho" relata Daniel.
Daniel Faria faz parte do grupo há 7 anos
Assim como o 'seo' Benedito, nem mesmo um problema na perna faz com que ele deixe de fazer a caminhada.
"Eu vou para Aparecida com um cajado, para não sentir dor na perna e conseguir tranquilamente. É uma emoção incrÃvel, não tem como não se emocionar", explica Daniel.
Daniel em uma de suas idas para Aparecida pelo Caminho da Fé
Arquivo pessoal
A peregrinação
O ponto de partida da romaria é da Paroquia Divino EspÃrito Santo, em Varginha. O grupo partiu para a peregrinação na madrugada desta quinta-feira (30), após uma missa de envio realizada às 4h. (Veja abaixo fotos da saÃda dos fieis)
Romeiros fazem Caminho da Fé de Varginha até Aparecida, SP
A primeira parada é em Cambuquira (MG). Na sexta-feira (31), o grupo segue para OlÃmpio Noronha (MG). No sábado (1º), eles param em Cristina (MG). Já no domingo (2), a parada é na comunidade do Rio Claro (MG).
Na segunda-feira (3), eles chegam em Piquete, no Estado de São Paulo. O último ponto de apoio é Guaratinguetá (SP) na terça-feira (4) e, na quarta-feira (5), a romaria chega em Aparecida (SP).
No Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, o grupo irá assistir à missa das 7h de quarta-feira (5). Depois disso, os romeiros retornarão para Varginha, sendo alguns de ônibus e outros com as famÃlias que irão buscá-los.
Romaria Zuca
No ano de 1952, o jovem Júlio Posse, popularmente conhecido por Zuca, queria pagar uma promessa. Ao lado de seu fiel cão, saiu para uma aventura: fazer uma peregrinação a pé de Varginha até o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.
Depois da promessa paga, no ano seguinte, Zuca resolveu repeti-la. Desta vez, no entanto, foi acompanhado por um amigo.
No ano seguinte, outros se juntaram a eles, e, aos poucos, o grupo se estruturou, fazendo com que os romeiros fizessem todo percurso com total segurança.
"Eu só paro de ir quando eu morrer" relata o romeiro que vai a pé há 58 anos de Varginha,MG a Aparecida, SP
Arquivo pessoal