Ação aconteceu no dia 31 de outubro de 2021 e teve como alvo um grupo que planejava um assalto a banco. Nenhum suspeito sobreviveu e, entre os integrantes das forças de segurança, não houve feridos. Armamento utilizado por suspeitos de integrar quadrilha de roubos a bancos que foram mortos em Varginha (MG)
Franco Junior/g1
A operação que resultou em 26 mortes em Varginha, no Sul de Minas, completa seis meses sem que as investigações tenham sido finalizadas e que autoridades informem prazo para conclusão. As apurações correm em sigilo e nenhum detalhe foi divulgado pelas autoridades.
A ação aconteceu no dia 31 de outubro de 2021 e envolveu integrantes da PolÃcia Militar (PM), inclusive do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), e agentes da PolÃcia Rodoviária Federal (PRF). O alvo era um grupo suspeito de planejar um assalto a banco, com o qual foi apreendido armamento de guerra.
Nenhum suspeito sobreviveu. Entre os integrantes das forças de segurança, não houve feridos. Na época, os policiais foram elogiados e chamados de heróis pelo governador Romeu Zema (Novo). Por outro lado, especialistas apontavam falta de transparência e cobravam investigação da conduta dos profissionais.
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Sigilo
Armamento utilizado por suspeitos de integrar quadrilha de roubos a bancos que foram mortos em Varginha (MG)
Franco Junior/g1
Além do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, o caso é apurado pela PM, PolÃcia Civil, PolÃcia Federal (PF) e PRF.
Em novembro do ano ado, quando a operação completou um mês, laudos periciais eram aguardados para a finalização das investigações. Cento e cinquenta dias depois, autoridades ainda esperam resultados de análises.
No âmbito da PM, foi instaurado um procedimento para avaliar a conduta dos policiais. "Conforme previsto na legislação processual castrense, o Inquérito Policial Militar (IPM) ainda está no prazo de conclusão, aguardando laudos periciais", limitou-se a informar a corporação por meio de nota.
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A reportagem também perguntou sobre o andamento da apuração, mas a polÃcia não detalhou as medidas tomadas no último semestre.
O mesmo questionamento foi feito à PolÃcia Civil, mas, da mesma forma, não houve respostas sobre a fase atual dos trabalhos nem sobre a eventual relação dos suspeitos com outros crimes. A única informação divulgada é que a investigação segue em andamento, em parceria com o Ministério Público. "Outras informações serão readas quando da conclusão das apurações", afirmou em nota.
O MPMG, por sua vez, apontou a complexidade do caso como motivo para os trabalhos ainda não terem sido findados.
"Há procedimentos investigatórios instaurados no âmbito da PolÃcia Federal, PolÃcia Civil e Ministério Público, os quais se encontram em andamento, com a realização de diligências visando à completa apuração das circunstâncias dos fatos, e, em razão da complexidade do ocorrido, não foram concluÃdos ainda", disse a Promotoria de Justiça.
A PF e a PRF ainda não haviam se manifestado até a última atualização desta reportagem.
Ameaças
Horas depois da divulgação do resultado da operação, a deputada Andreia de Jesus (Psol), que preside a Comissão de Direitos Humanos, disse que o caso também teria apuração na Casa. Após se posicionar, a parlamentar ou a sofrer ameaças pelas redes socais.
Em novembro, deputada Andréia de Jesus (Psol) foi ameaçada nas redes sociais
Redes sociais/Reprodução
Depois disso, precisou receber proteção policial. A escolta chegou a ser suspensa no mês ado, mas foi retomada após mobilização da deputada, do Legislativo e do Ministério Público.
A Comissão de Direitos Humanos informou que, em novembro, acolheu uma denúncia e encaminhou pedidos de investigação aos órgãos responsáveis. "As investigações são de responsabilidade desses órgãos [Corregedoria da PM e MPMG], e segundo nos informaram, seguem em sigilo até que se concluam", afirmou a nota.