Segundo dados da Sejusp, calculando a média de registros, é como se houvesse uma morte a cada três dias na cidade. A PolÃcia Civil abriu inquérito para investigar os casos. Pouso Alegre registra 8 mortes nos últimos 24 dias
As últimas semanas foram de violência em Pouso Alegre (MG). Em 24 dias, foram registradas 8 mortes violentas na cidade sul-mineira. O número equivale ao total registrado em todo o ano ado, representando uma morte a cada três dias.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sejusp), em 2022, foram oito vÃtimas de homicÃdio consumado na cidade, a mesma quantidade registrada em menos de um mês em Pouso Alegre.
Relembre os casos mais recentes:
23 de março: o primeiro caso foi de um adolescente, de 17 anos, que morreu após ser baleado no bairro São Geraldo.
24 de março: um homem de 38 anos foi morto a tiros no bairro São Geraldo.
25 de março: dois jovens morreram durante uma troca de tiros com a PolÃcia Militar.
29 de março: um homem foi morto com facadas na zona rural após uma discussão.
5 de abril: uma menina de 8 anos morreu após ser atingida com tiro na cabeça no bairro São Geraldo.
15 de abril: um jovem de 20 anos foi encontrado morto no bairro São Geraldo.
15 de abril: um adolescente de 16 anos foi morto após uma discussão por manobras com uma moto, no bairro Faisqueira.
Pouso Alegre registra 8 mortes violentas em menos de um mês; número supera total de ocorrências no ano ado
Raquel Freitas/g1
Trabalho contra a violência
A EPTV, afiliada Rede Globo, conversou com a PolÃcia Militar sobre o assunto. O major da PM, Lucas Costa, falou sobre a origem dessas mortes e também sobre o trabalho preventivo em relação aos crimes na cidade.
"Falando de um motivo especÃfico, é essa questão de envolvimento de menores, crianças e adolescentes com tráfico de drogas, o que gera também uma falsa sensação de impunidade desses menores. Estamos vendo em Pouso Alegre uma disputa pontual pelo tráfico de drogas", explicou.
Ainda segundo o major, há uma parceria com outros órgãos de defesa social, como a PolÃcia Civil, que abriu inquérito para investigar todas essas mortes. A PM explica que pretende continuar as operações em bairros especÃficos, chamados de zonas quentes de criminalidade.
"Com essas ações, junto com os demais órgãos, pretendemos estancar essa questão dos homicÃdios e já tem surtido efeito. (...) Dentro desse perÃodo, de janeiro a março, houve aumento de 33% de apreensão de armas de fogo, que já é uma resposta a essa questão de homicÃdios", confirmou.
O advogado criminalista, Valdomiro Vieira, de Pouso Alegre, comentou sobre a associação desses casos com tráfico de drogas. Ele diz que qualquer crime de ação violenta, pode ser considerado um termômetro, como "um sensor da saúde da vida em sociedade".
"Uma análise precipitada de que se deve ao tráfico, é muito perigoso atribuir isso. O problema é mais estrutural, é histórico, social, econômico, de formação. (...) Não podemos jamais estigmatizar os bairros pobres e carentes, que estão sob a pecha do tráfico, porque lá não estão todos os consumidores", comentou.