"Penitência"O Ministério Público deflagrou na manhã desta segunda-feira a operação "Penitência". A ação visa combater esquema de corrupção no presÃdio de Varginha.
A operação "foi realizada pelo Gaeco, Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, em conjunto com a Promotoria de Justiça, o Departamento Penitenciário de Minas Gerais, a PolÃcia Militar e a PolÃcia Civil. Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, cinco mandados de prisão preventiva e um de prisão temporária contra os investigados.
Segundo as investigações, policiais penais cobravam propinas dos presos para os mais diversos fins, dentre eles transferências ou permanência na unidade local para quem está no regime semiaberto, obtenção de trabalho externo ou interno e outros confortos. Advogados e particulares seriam os intermediários das propinas.
"Foi verificado que mediante pagamento de propina, os indivÃduos privados de liberdade conseguiam transferências para o presÃdio de Varginha, conseguiam permanência no presÃdio de Varginha, conseguiam lograr trabalho externo ou interno, bem como outros benefÃcios dentro do sistema prisional. Se apurou também que alguns advogados, até aqui neste momento um advogado segundo apurado, fazia a intermediação dessa propina, assim também como um empresário, era responsável por fazer o elo entre os policiais penais e essas pessoas que estavam fazendo os pagamentos dessas vantagens", explicou o coordenador do Gaeco, promotor Igor Serrano.
Ainda segundo o promotor, as investigações apontaram que os valores cobrados pelos servidores dos internos chegavam a R$ 15 mil.
Coordenador do
Gaeco,
Igor Serrano
detalha
esquema que
funcionava no
presÃdio de
Varginha
"Há informações que as transferências tinham preços variados, por volta de R$ 15 mil, o trabalho externo também tinha preço variado, em alguns casos R$ 5 mil, em alguns casos R$ 8 mil. Se sabia desde logo da existência desse esquema, os participantes eram os próprios presos, isso foi uma coisa apurada durante a investigação que os presos eram cientes que isso acontecia há muito tempo e falam inclusive sobre isso abertamente, de que para se obter trabalho externo, eles têm que pagar, que para obter uma transferência, eles têm que pagar. Então sabedores disso, de que há um esquema, esses intermediadores pegavam o dinheiro a partir da solicitação dos diretores e policiais penais e encaminhavam exatamente para as pessoas lÃderes da organização criminosa, que eram exatamente os servidores públicos", disse Igor Serrano.
Ainda conforme o promotor, foi pedida a prisão preventiva dos envolvidos, já que eles estavam tentando atrapalhar as investigações, destruindo provas e apagando mensagens de celular.
"Um dos motivos da decretação da prisão preventiva dos investigados foi que durante as investigações nós conseguimos produzir elementos de investigação no sentido que eles estavam destruindo as provas e se comunicando entre si para combinarem as versões. Essa foi a razão pela qual os mandados foram cumpridos sem a oitiva, uma vez que eles já estavam interferindo negativamente na produção da prova", completou Igor Serrano.
O Ministério Público informou que as investigações continuam. Ainda de acordo com o MP, foi oferecida denúncia contra seis pessoas pela prática de 11 crimes. Uma outra denúncia já havia sido feita contra duas pessoas pela prática de seis crimes.
O que dizem os
órgãos
de segurança
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG) confirmou a prisão de dois diretores e dois policiais penais do presÃdio de Varginha.
O Departamento Penitenciário de Minas Gerais acompanha as investigações e presta assistência ao Ministério Público.
A Sejusp, em nota, disse que não compactua com quaisquer desvios de conduta dos seus servidores e que apura os atos que não condizem com a prática funcional de seus agentes, guardando sempre o direito à ampla defesa e ao contraditório.